Fornecedores de Cana celebram a possibilidade de Usina Catanduva voltar a moer
Grupo Virgulino de Oliveira estuda retomada de moagem de cana na unidade no próximo ano; as demais serão vendidas em meio à recuperação judicial
A Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Catanduva (AFCRC) intermediou uma reunião, na sexta-feira (20), entre a diretoria executiva do Grupo Virgolino de Oliveira (GVO) e fornecedores de cana-de-açúcar. A pedido da atual presidente da GVO, Carmem Aparecida Ruete de Oliveira, o encontro foi marcado para anunciar a preparação de um plano para que a unidade industrial de Catanduva possa retomar a moagem de cana, a partir do próximo ano.
O objetivo foi apresentar aos fornecedores o novo momento que o grupo vive e dar início a possíveis tratativas de parcerias.
“Estamos estudando um novo modelo. O primeiro passo é conversar com fornecedores, com parceiros para verificar a viabilidade de moagem. Pretendemos com isso, mostrar que a gestão mudou, a visão de negócios mudou. Seguiremos num novo ciclo, mas antes precisamos entender se teremos estas parcerias e o interesse do fornecedor”, afirmou Marcos Roberto dos Santos, diretor executivo da GVO.
Quanto a reabertura, Nádia Gomieri, presidente da AFCRC está otimista e celebra a possibilidade. Porque abre uma nova porta de comercialização da cana do fornecedor, uma nova oportunidade. “A unidade sempre foi uma usina que moía 60% de cana de fornecedores e 40% de cana própria. Importante também ressaltar, principalmente a prestação de serviços que será feita pelo fornecedor pelo CTT (Corte, Transbordo e Transporte) tirando a cana do campo e levando até a unidade industrial. Toda esta parte agrícola deve ser realizada pelos fornecedores.
Ainda de acordo com Nádia, a reabertura da unidade também auxilia consideravelmente na economia da nossa região. “Serão famílias que terão nova oportunidade de emprego e isso valoriza todos os municípios ao redor. Vamos gerar empregos não só na área agrícola, mas na área industrial, com isso vamos girar a economia, favorecendo o comércio e os municípios com o recolhimento de impostos”, finaliza a presidente da entidade canavieira.
O grupo segue com o propósito de priorizar a produção de açúcar, de olho no mercado aquecido acertando todo o passado.
Em dois anos de inatividade, a expectativa do GVO é, se conseguir formatar um modelo de parceria e negócios, iniciar a operação a partir de março de 2024.
O presidente da Canasol Luís Henrique Scabello de Oliveira se disse feliz com a notícia de que a Usina possa voltar as suas atividades. “Fui parceiro agrícola da Usina Catanduva por longos anos, e infelizmente precisei deixar a parceria devido à crise que a empresa enfrentava”, ressaltou ele.
Para Paulo Leal presidente da Federação Dos Plantadores de Cana do Brasil – FEPLANA, isso se deve a mais um movimento de uma associação cuidando dos seus fornecedores. “O retorno de uma usina tão importante para a região nos deixa muito feliz. Temos exemplos muito bons, como o do Rio de Janeiro que foi um dos maiores produtores de cana do Brasil e com o passar do tempo e o clima, se fecharam muitas empresas em Campos dos Goytacazes. A Associação Fluminense hoje presidida pelo Tito estruturou uma proposta e conseguiu arrendar uma empresa parada. Hoje os fornecedores puderam retomar suas atividades normais de cana, inclusive com uma usina de biogás. Esse exemplo serviu de modelo para o Nordeste que também enfrentou problemas. Capitaneados por Alexandre Lima, presidente da Associação dos Plantadores de Cana em Pernambuco, arrendaram uma empresa em Timbaú, começaram com uma pequena produção e hoje já estão com 1 milhão de toneladas. São essas ações que gostamos que as associações tomem em favor de seus associados. Fica muito complicado para competirmos quando não temos usina para comprar nossa produção. É importante também que o Ministério Público tenha a sensibilidade de entender que a geração de emprego no entorno dessas empresas é muito grande”, disse o presidente Leal
Ele ressaltou ainda que coloca a Feplana a disposição para ajudar no que for necessário, e até mesmo Alexandre Lima pode ajudar devido à vasta experiência neste tipo de negociação.
Paulo finaliza afirmando estar muito feliz que o Grupo Virgulino possa retomar suas funções em cooperação com a Associação dos Fornecedores de Cana de Catanduva.
A ideia inicial, segundo o diretor do grupo, é iniciar com moagem estimada de 2 milhões de toneladas em 2024. “Seria cerca de 50% da capacidade total da unidade industrial. Mas não queremos trabalhar com 100% em operação neste primeiro momento. Queremos um modelo seguro para a indústria e para os fornecedores”.
Nos próximos dias, o grupo pretende concluir o estudo do modelo de atuação e que deve contar com o fornecimento de cana e investimentos externos na operação. Depois da definição, iniciar os processos de contratação de funcionários.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Os representantes da GVO também traçaram breve linha do tempo do plano de Recuperação Judicial (PRJ) que se estende desde que foi aprovado, em 2021. No plano, as unidades industriais de Monções, José Bonifácio e Itapira serão vendidas, assim como as propriedades rurais, quitando, portanto, três das quatro classes dentro da RJ. Restaria apenas a chamada UPI – Unidade Produtiva Isolada de Catanduva.
“A unidade está como garantia com relação ao fisco federal. Em nossa negociação com o governo federal, conseguimos com os descontos de prejuízo fiscal reduzir consideravelmente o montante a ser pago. Parte do valor já está depositado em juízo, na Comarca de Santa Adélia e o restante devidamente negociado para ser quitado. São dois momentos distintos, aquele está lá sendo resolvido e agora vamos ver o novo daqui para frente”, reforçou Santos.
Com informações de O Regional
Suze Timpani – Canasol