Apesar de vantagem do etanol sobre a gasolina nas bombas, preços nas usinas caíram em julho

Cepea destaca que movimento acompanhou ritmo lento de vendas na maior parte do mês e negócios fechados antes da mudança no PIS/Cofins

O mês de julho terminou no Brasil com queda dos preços do etanol nas usinas. Um reflexo da baixa demanda na maior parte do Centro-Sul do país, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea, da Esalq/USP), mesmo com a vantagem do biocombustível sobre a gasolina, o que teoricamente daria um gás ao consumo.

Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), divulgados na última sexta-feira (28), referentes à semana de 23 a 29 de julho, apontaram paridade nas bombas da gasolina (R$ 5,55/l) sobre o etanol (R$ 3,68/l) em 66,3% na média de todo o Brasil e quedas semanais de 0,71% e 2,39%, respectivamente, para os combustíveis.

“A vantagem do preço do etanol sobre a gasolina C – observada há semanas – não teve efeito positivo nas vendas das usinas de etanol”, destacou o Cepea em nota.

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) trouxe em recente relatório dados que evidenciam o baixo volume de negócios envolvendo o biocombustível.

Na primeira quinzena de julho, foram comercializados 595 milhões de litros de etanol hidratado no Centro-Sul do país, volume 22,16% menor do que o comercializado no mesmo período do ano passado. Na atual safra, o volume vendido de etanol hidratado caiu 10,8%, enquanto as vendas de anidro [tipo mistura à gasolina] aumentaram 14,9%.

“Quanto à produção, o processamento da cana-de-açúcar e a produção de açúcar são considerados altos e ambos recordes para a quinzena”, complementa o centro.

Apesar de a demanda por combustíveis ter aumentado no final do mês de julho no Brasil, refletindo tanto as expectativas de valorização da gasolina nas refinarias (por causa da alta do preço do petróleo) quanto o retorno das aulas, o cenário não foi suficiente para elevar os preços do etanol anidro e do hidratado.

No comparativo de preços do final de junho com julho, a média do índice Cepea/Esalq para o etanol hidratado ficou em R$ 2,1579/l, uma alta mensal de 14,7%. Para o etanol anidro (considerando apenas as vendas no mercado spot), a média do indicador Cepea/Esalq caiu 9,37% em relação a junho, para R$ 2,7036/litro em julho.

Além do ritmo lento de vendas na maior parte do mês de julho, as movimentações envolvendo os tributos para os combustíveis também tiveram algum impacto da retomada das alíquotas integrais de PIS/Cofins, impostos federais, sobre gasolina e etanol no início de julho, já que muitos negócios foram fechados antes da mudança, justamente para compradores garantirem um menor valor.

“Algumas usinas preferiram não fechar negócios na maior parte do mês, alegando que os preços não estavam atrativos, enquanto outros vendedores se mostraram dispostos a negociar o biocombustível por precisar de espaço nos tanques”, explicou o centro.

AÇÚCAR TAMBÉM TEVE QUEDA EM JULHO

Assim como o etanol, os preços do açúcar cristal também caíram no mercado spot paulista no último mês. “As chuvas foram leves no mês passado, pico da safra de cana-de-açúcar, favorecendo tanto a lavoura quanto a produção de açúcar nas usinas. Assim, em geral, os compradores baixaram as cotações. No entanto, é importante mencionar que a oferta de açúcar de alta qualidade (Icumsa até 150) tem sido baixa”, diz o Cepea.

Em julho, a média do Índice Cepea/Esalq do açúcar cristal branco ficou em R$ 137,00 a saca de 50 kg, valor 5,5% inferior ao de junho (R$ 144,99/saca). Apesar dessa queda, os preços da safra atual (2023/24) estão superiores aos do mesmo período da safra passada.

Fonte: Notícias Agrícolas