Bioeletricidade pode ajudar a salvar o Brasil da falta de energia
A cana é a principal fonte de energia renovável do país. É o caso da biomassa de cana-de-açúcar, que representa 19% da energia consumida no mercado brasileiro
O ministério de Minas e Energia deverá realizar, em breve, licitação para aquisição de eletricidade gerada a partir de biomassa de cana-de-açúcar. “A previsão é de que a portaria de consulta pública das diretrizes do leilão de contratação de biomassa seja publicada até o final deste mês”, disse o ministério em nota.
Atualmente, apenas 19% da energia gerada a partir dos resíduos da cana-de-açúcar são aproveitados na rede nacional de energia (Sistema Interligado Nacional). Levantamento da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) e da Cogen (Associação da Indústria de Cogeração de Energia) aponta que centrais movidas a biomassa principalmente de bagaço de cana poderiam gerar 1.249 GWh (gigawatts-hora) adicionais em energia entre julho e dezembro de 2021 e mais que o dobro disso em 2022 com medidas de incentivo do governo, como um leilão emergencial para compra da produção extra.
“A gente pode contribuir mais para a rede, tirando mais palha do campo e gerindo melhor a energia dentro da usina. Estamos esperando uma sinalização mais clara do governo para nos planejarmos, já que, por ser uma geração extra, ela hoje tem de ser liquidada no mercado de curto prazo, ainda judicializado, e acabamos não recebendo”, diz Zilmar Souza, gerente de Bioeletricidade da UNICA.
Com a diminuição das chuvas e a baixa nos reservatórios das usinas hidrelétricas, o setor elétrico passa por momento de preocupação. As termelétricas a gás já foram acionadas pelo governo, o que encarece o preço da eletricidade para o consumidor final, além de contribuir para o aumento das emissões de CO2 na atmosfera.
Por ser de baixo carbono, estima-se que a geração de bioeletricidade de cana em 2020 tenha evitado adicionalmente a emissão de 6,3 milhões de toneladas de CO2, marca que somente seria atingida com o cultivo de 44 milhões de árvores nativas ao longo de 20 anos.
Souza reforça que a biomassa é uma fonte renovável e não intermitente e que as energias eólica e solar são coirmãs e devem continuar agregando ao sistema. “A diversificação dá mais estabilidade ao portfólio, e o melhor dos mundos seria agregar todas as renováveis e estimular o aproveitamento da bioeletricidade”, afirma.
Em 2020, a oferta de bioeletricidade para a rede nacional de energia pelo setor sucroalcooleiro cresceu 1% em relação a 2019, com um volume de 22.604 GWh. Sendo que 83% desse total foi ofertado no período seco, entre maio e novembro – período de diminuição de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas.
Fonte – Unica