Brasil voltará a ser o maior produtor de açúcar em 2023/24, diz Czarnikow
A analista afirma ainda que acreditam que tenha mais cana disponível para moagem no ciclo 2023/24, já que, após 3 anos de chuvas abaixo da média, os canaviais começaram a se recuperar
A Czarnikow, trading britânica de alimentos e serviços, acredita que o Centro-Sul do Brasil produzirá 36,3 milhões de toneladas de açúcar na safra 2023/24, enquanto a Índia deverá produzir 35,5 milhões de toneladas.
Se a projeção se confirmar, o Brasil voltará a ter o título de maior produtor mundial de açúcar, que foi do país indiano nos últimos dois anos.
De acordo com Ana Zancaner, consultora da trading, ao contrário da safra passada, o açúcar deve continuar a oferecer melhores retornos que o etanol quando a safra começar em abril.
“Em 2022, os preços do etanol ficaram acima/próximos do açúcar até meados de junho. Consequentemente, as usinas priorizaram a produção de etanol em detrimento do alimento pela primeira vez desde 2019. Em 2023, esperamos que as usinas priorizem o açúcar, o que significa que 2,2 milhões de toneladas a mais de açúcar devem ser produzidas no 2T´23 em comparação com o 2T´22″, explica.
A analista afirma ainda que acreditam que tenha mais cana disponível para moagem no ciclo 2023/24, já que, após 3 anos de chuvas abaixo da média, os canaviais começaram a se recuperar.
“A produtividade agrícola em 2022/23 aumentou 8%, atingindo 73,5 toneladas de cana/hectare. A moagem total de cana deve chegar a quase 550 milhões de toneladas — um aumento de 5% ano a ano”, disse.
Segundo as informações divulgadas, as chuvas em 2022 foram boas e, de forma conservadora, a trading espera um aumento de 6% na moagem de cana, passando de 550 milhões de toneladas para 581 milhões de toneladas nesta safra.
“Há um viés de alta para esse número, dependendo de quão perto da média as chuvas ficarão neste primeiro trimestre (que são essenciais para o desenvolvimento da cana)”, avalia Ana.
A analista ressalta ainda que a logística continuará sendo um problema. “No ano passado, a logística foi um grande problema para o escoamento do açúcar para fora do Brasil. A grande demanda aliada à chegada simultânea de nomeações de navios fez com que o tempo de espera para atracar no Porto de Santos começasse a subir em julho, chegando a quase 20 dias em outubro e novembro. Além disso, as taxas de frete do interior para o porto mais que dobraram”, enfatizou.
Este ano, as coisas podem ser ainda piores. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê safras recordes de milho e soja, com uma crescendo 10% e a outra 21%.
“Santos possui 4 terminais de açúcar que também operam grãos: CLI (ex-Rumo), VLI, Copersucar e Teag. Estimamos, considerando a eficiência dos terminais, que as exportações brasileiras de açúcar estejam limitadas a cerca de 2,6 milhões de toneladas por mês. Portanto, neste ano, lembre-se de não limitar seu foco à produção de açúcar e aos números da UNICA. Acompanhar a logística no Centro-Sul será fundamental para saber se o açúcar que está sendo produzido pode escoar facilmente do Brasil”, alerta a analista.
Fonte: JornalCana