Dreyfus vê maior mudança do Brasil para etanol, alerta para escassez de açúcar
As usinas brasileiras têm certa flexibilidade para alterar a alocação de cana para açúcar ou etanol
A trading global de commodities Louis Dreyfus projetou hoje (11) que as usinas brasileiras desviarão um volume maior do que o esperado de cana-de-açúcar para a produção de etanol devido aos altos preços da energia, causando uma redução na produção do adoçante.
O diretor de açúcar da Dreyfus, Enrico Biancheri, durante uma apresentação na conferência de açúcar Citi ISO Datagro em Nova York, disse que as usinas do centro-sul do Brasil produziriam apenas 29 milhões de toneladas de açúcar na nova safra 22/23, que começou em abril, uma visão que seria baixa entre as estimativas dos analistas até agora.
“Nos preços atuais, o mundo está caminhando para uma escassez de açúcar, devido a uma safra orientada para o etanol no Brasil”, disse Biancheri, acrescentando que os valores do açúcar precisarão subir para um prêmio sobre os preços do etanol para causar um aumento na produção açucareira.
As usinas brasileiras têm certa flexibilidade para alterar a alocação de cana para açúcar ou etanol, dependendo dos preços de mercado. Devido aos altos valores da energia, havia uma expectativa no mercado de açúcar de que as usinas trocassem um pouco de cana por etanol, mas a Dreyfus vê essa mudança como mais drástica.
Como comparação, a corretora e consultoria norte-americana StoneX projetou ontem (11) que as usinas brasileiras do centro-sul produziriam 33,9 milhões de toneladas de açúcar, quase 4 milhões de toneladas acima da estimativa da Dreyfus.
Biancheri disse que as vendas de etanol atualmente estão dando às usinas um retorno financeiro equivalente ao preço do açúcar de 20,18 centavos de dólar por libra-peso. O açúcar foi negociado hoje (11) na ICE a 18,54 centavos por libra-peso.
Fonte: Forbes