Raízen assina primeiro contrato de biogás na transição energética

O potencial de biogás do Brasil é de 120 milhões de m³ / d. “Estamos no topo do gás renovável e há uma oportunidade de posicionar o país neste setor”

A Raízen assinou o primeiro contrato de biogás no mercado de gás natural a ser inaugurado no país. O negócio foi fechado com a produtora de fertilizantes Yara, que vai produzir hidrogênio e amônia verde a partir do biogás de terceira geração. O acordo de cinco anos ( 20.000 m³ / d (706.000 cf / d) é apenas uma pequena parte do total de 3 milhões de m³ / d de potencial de processamento de biogás que a Raízen prevê na próxima década, mas também é visto como um teste para o mercado e o uso de infraestrutura de gás compartilhada.

Raphaella Gomes, presidente-executiva da RaízenGeo e chefe do negócio de biogás da Raízen, destaca que o biogás da Raízen é produzido a partir da vinhaça [subproduto do processamento da cana-de-açúcar] e da torta de filtro. Por isso permite opções.

“Quando nossa regulação de energia está mais madura, com um preço spot por hora real, podemos permitir que as instalações de “pico de redução” entrem no mercado de energia e nivelar os picos de demanda de energia, uma vez que a biomassa é despachável. Também podemos ter diversas aplicações para nossos produtos, substituindo diversos combustíveis que produzimos. Essas opções permitem à Raízen ter um portfólio para melhor alocar seus produtos”, explicou.

“A Raízen gera etanol de segunda geração a partir da biomassa da cana-de-açúcar o ano todo. E esse processo gera resíduos que podem ser aproveitados para a produção de biogás. Assim, nossa produção de biogás vem complementar e estabilizar essa curva de produção”, completa.

Ela detalha que quando o biometano é produzido a partir do resíduo de um resíduo, o etanol de segunda geração, pode ser considerado um combustível de terceira geração, com baixíssima pegada de carbono. Tem uma pegada 90% menor do que o gás natural. “A valorização deste atributo ambiental é importante. Estamos usando nossa experiência com etanol para biogás e certificando que este biometano pode atender aos padrões internacionais. Eles não serão contratos padrão que você encontra no mercado agora. Vamos criar nosso próprio processo de certificação”.

Segundo Raphaella os produtos da Raízen são aceitos internacionalmente e isso permite que nossos usuários finais mostrem os atributos ambientais que nosso biogás possui. “Vemos várias vantagens competitivas para o biogás. Logisticamente, estamos no topo de um reservatório de gás em nossas usinas de biogás no Estado de São Paulo, próximo ao consumidor. Nosso preço é vendido em moeda local, eliminando o risco da taxa de câmbio. Também: flutuação. O preço de nosso produto não está flutuando com os preços do Brent ou Henry Hub, mas apenas com um índice brasileiro”, reflete.

“Mas além disso, vejo que a Yara percebeu a oportunidade de ser a primeira a tentar esse tipo de projeto, com o biogás, para posicionar o Brasil como produtor de amônia verde e hidrogênio verde, que pode encontrar mercado fora do país. Existem duas maneiras de produzir hidrogênio verde, e o uso de gás natural para isso é um método estabelecido. Usar biometano é um método estabelecido para fazer amônia verde”, afirma.

O potencial de biogás do Brasil é de 120 milhões de m³ / d. “Estamos no topo do gás renovável e há uma oportunidade de posicionar o país neste setor”. “Existem vários desafios. Não é à toa que este é o primeiro contrato deste tipo e não significa que todos os desafios sejam superados. É preciso muita coragem de Raízen e Yara para fazer esse movimento. Uma coisa é que dimensionamos este primeiro contrato de forma a testar o modelo, os regulamentos e as conexões. A Yara está conectada ao duto de distribuição da Comgás e devemos construir um duto de nossa planta até o duto da Comgás. Estamos vendo a regulamentação no estado de São Paulo funcionando conosco, para permitir a assinatura dos primeiros contratos de gás”

A Raízen está confiante com a abertura do mercado de gás natural. “Estamos vendo uma grande demanda por produtos que sustentem o caminho para a descarbonização. Há uma maior demanda por produtos que ajudem na transição energética. E o Brasil pode ser o ator principal dessa história. Temos energia em abundância e somos um povo com pensamento inovador. Devemos criar essa indústria. É uma indústria totalmente nova no Brasil, e não é simples encontrar e desenvolver fornecedores”, finaliza.

Fonte: O Petróleo – edição Visão Agro – Imagem: suno.com