Usina Maringá: Produtores de cana se sentiram lesados pela recuperação judicial

Fornecedores receberão apenas 20% do crédito o qual tinham direito divididos em 240 meses após 8 anos de espera. "Um tapa na cara do produtor"

Na tarde desta segunda-feira (17), a Associação dos Fornecedores de Cana de Araraquara (CANASOL), realizou uma reunião com seus associados e credores da Usina Maringá, para maiores informações sobre a recuperação judicial do Grupo Diné, aceita pelos maiores credores.

Os fornecedores de cana que aguardavam para receber suas safras que não foram pagas pela Usina desde 2012 se sentiram lesados nesta recuperação judicial.

O plano de recuperação judicial proposto pela empresa foi aprovado, ainda que com voto contrário dos fornecedores de cana ligados à Canasol.

O Presidente da Canasol, Luís Henrique Scabello de Oliveira

Para o Presidente da Canasol, Luís Henrique Scabello de Oliveira, este plano não trouxe boas noticias para o produtor rural. O plano prevê um desconto de 80% nos créditos e pagamento em 20 anos. Para créditos de até R$ 18.000,00 (dezoito mil reais), o pagamento será realizado em 36 parcelas, após sua homologação.

“Para o produtor que trabalhou, investiu, empregou, usou sua força de trabalho, pagou sua muda, gastou com adubação colocando sua esperança em sua produção, entregou à usina e não recebeu, depois de 8 anos de espera ter que ouvir esta noticia é muito ruim, que receberá apenas 20% do que lhe é devido e divididos em 20 anos. Isso fica ainda mais dramático, considerando que nossos produtores são pessoas de certa idade, muitos não verão este dinheiro. Infelizmente esta é a lei. É muito triste, um absurdo pelo deságio e o extenso prazo de pagamento, afirmou o presidente.

Para o produtor Romualdo Polez, a justiça deu “um tapa na cara do produtor”, que para salvar uma empresa que deu calote em seus fornecedores, deixa produtores de cana em uma situação difícil. “Entreguei duas safras à Maringá, hoje não consigo recuperar nem mesmo o investimento em insumos, é muito triste e desanimador para quem produz”, disse o produtor de cana.

Suze Timpani/Canasol