Araraquara: Cresce o número de produtores rurais interessados em porte de arma

A informação é da psicóloga credenciada pela Polícia Federal, e produtora rural Leila Méssi que atribui o fato ao aumento das invasões em propriedades rurais

Com o aumento da violência no campo, cresce também a procura por armas de fogo, por produtores rurais, principalmente os que moram em suas propriedades e sentem a necessidade de uma proteção pessoal maior.

De acordo com Leila Aparecida Méssi, psicóloga credenciada na Policia Federal em Araraquara, responsável pela expedição do laudo que atesta a aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo, todo cidadão que queira tirar o porte de arma tem que passar por avaliação psicológica. “Qualquer pessoa que queira frequentar um clube de tiro tem que passar por avaliação, e são vários requisitos, para depois então ser aprovado o seu CR – Certificado de Registro que é um instrumento que possibilita a aquisição legal de armas de fogo para as atividades de Tiro Desportivo, Caça ou Coleção”.

A psicóloga alerta que muitos produtores rurais sempre mantiveram em suas propriedades armas de fogo. “Sou filha de produtor rural e a maioria sempre teve um 38 ou uma espingarda, que nunca usava, mas devido o aumento de invasões em propriedades, o pessoal começou a usar, então é necessário estar documentado, regularizado para evitar grandes problemas, além de saber manejar e guardar essas armas”, explica Leila.

Vale ressaltar que todo psicólogo credenciado da PF, tem que atender um perfil específico e passar por uma bateria de testes que são rigorosamente controlados. “Nós temos visita técnica da Polícia Federal, participamos de simpósios para atualização, passamos por vários cursos e anualmente passamos por provas técnicas para que tenham certeza que estamos tecnicamente preparados”, disse a profissional.

Sala onde são realizados os testes

Para tirar um porte de arma existem requisitos e perfis necessários avaliados pela psicóloga. “São 14 indicadores necessários e 23 indicadores restritivos. É preciso ter equilíbrio, não ser agressivo, ter controle emocional, não ser impulsivo. Todos têm o direito de ter uma arma, mas será que tem o perfil para isso? Em alguns casos pode ser pior. É necessário ter muito cuidado no manuseio e na guarda desta arma, para evitar acidentes”,ressalta.

Se o produtor rural está documentado (porte de arma, registro), ele está protegido legalmente. “Neste caso se o produtor agir em legítima defesa dentro de sua propriedade, a lei é mais branda com ele, agora aquele proprietário que tem em sua fazenda uma arma não legalizada, a lei é bem severa”, alertou a psicóloga.

Em caso de inaptidão psicológica, o interessado poderá ser submetido a novo teste em período não inferior a 30 dias. Segundo a psicóloga o índice de reprovação é alto. “Eu sou habilitada para fazer a reprova, usamos toda uma bateria diferente de testes. No estado de São Paulo não existe um limite de reprovação, a pessoa pode fazer novamente após 30 dias”.

Ela explica que todas as pessoas que são reprovadas têm um retorno. “Damos a elas uma entrevista devolutiva, onde é explicado qual o desempenho dela e as características levantadas para que ela procure ajuda, inclusive fazemos encaminhamentos, orientações para psicoterapias ou psiquiatras para tratamentos onde os problemas poderão ser sanados”, disse ela.

Os testes aplicados são de atenção concentrada e difusa, coordenação, memória e traços da personalidade. “São esses os quesitos que avaliamos, mas não precisa vir com medo, é necessário calma e equilíbrio que tudo da certo”.

Lembrando que em caso de porte legal de arma, o produtor rural pode apenas circular dentro de sua propriedade com ela. Leila explica que os custos para legalização da arma não é alto. “O custo maior fica na aquisição da arma. “Hoje uma usada está custando de R$ 2 até R$ 15 mil, dependendo da arma”.

Confira todos os documentos necessários para obter uma arma legalizada através deste link da Polícia Federal.

CLUBE DE TIRO

A reportagem entrou em contato com Paulo Magri, instrutor de tiro credenciado pela Polícia Federal que informou que o mercado está aquecido. “Houve um aumento muito grande na procura de armas para defesa pessoal, em relação ao ano passado o aumento gira em torno de 40%.

Magri também é presidente do Clube de Tiro de Araraquara e ressalta que a procura para se associar ao clube vem aumentando consideravelmente, já que ele também é credenciado pelo Exército Brasileiro.

Por Suze Timpani