Etanol x gasolina: por que cálculo dos 70% já não faz mais sentido
O Instituto Mauá de Tecnologia realizou uma série de testes, com veículos flex mais modernos, para determinar referências mais atuais
Com essas constantes variações dos preços dos combustíveis, os questionamentos sobre se vale mais a pena usar gasolina ou etanol estão sempre em alta. Ainda que o consenso geral diga que basta multiplicar o preço do litro da gasolina por 0,7 para descobrir qual compensa mais, será que isso faz mesmo sentido?
Explicando a teoria: se o resultado da conta for inferior ao preço do litro do etanol, valeria a pena abastecer com gasolina. O que fundamenta isso é que a eficiência da gasolina é 30% maior do que a do álcool hidratado.
Por um bom tempo, a lógica já fez certo sentido (e ainda faz, para os primeiros carros flex). Quando a tecnologia bicombustível surgiu, em meados dos anos 2000, a eletrônica embarcada nos automóveis era mais simples, os motores tinham menos taxa de compressão, bem como a injeção direta e o turbocompressor eram usados muito raramente.
Ou seja, a quantidade de variáveis eram bem menores. Deste modo, a teoria por trás do cálculo básico se aproximava mais do fato concreto do que nos dias de hoje. Mas qual seria o novo parâmetro, então?
O Instituto Mauá de Tecnologia realizou uma série de testes, com veículos flex mais modernos, para determinar referências mais atuais. Utilizaram o etanol e a gasolina comum vendida nos postos, para se estabelecer a comparação.
* Foram utilizados 20 veículos com anos de fabricação recentes: cinco unidades de quatro modelos diferentes (compactos 1.0 e 1.6, sedã médio e SUV).
* Eles percorreram 27 km em cidades e 30 km em estradas.
* Cada um desses circuitos foi repetido 15 vezes e os trajetos seguiram o padrão já estabelecido pelo Instituto Mauá.
* Avaliado por meio de análise estatística, o desempenho médio do etanol comum em relação à gasolina comum (que contém 27% de etanol anidro) variou de 70,7% a 75,4%. Como referência, a norma do Inmetro mostrava, para os mesmos veículos, que os valores foram de 66,7% a 72,1%, respectivamente.
* Ressalva dos testes: além do nível de tecnologia embarcado no veículo, o jeito que cada condutor dirige sempre será o fator mais importante para determinar o nível de eficiência por quilômetro rodado.
Ou seja, o que as avaliações técnicas nos deixam concluir é que o carro rende muito mais do que a teoria quando se utiliza o etanol. Logo, economizará usando o combustível vegetal, até que a diferença percentual dos preços chegue próximo dos 75%. Por conta disso, até o que se observa pelo Inmetro pode acabar não refletindo a realidade.
O etanol ainda é o melhor componente para se misturar à gasolina?
* A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) afirma em seu site que o etanol, além de ser um dos melhores tipos de antidetonante, é um dos mais disponíveis e baratos da categoria, além de figurar entre os menos poluentes e menos prejudiciais para o motor.
* Além disso, o etanol também faz a função de retardar a produção de carbonização dentro do motor a gasolina.
* Devido a tudo isso, a presença de etanol na gasolina promove maior qualidade de funcionamento, seja em motores modernos ou em antigos.
Fonte: UOL