Índia busca apoio do Brasil para enfrentar desafios trazidos pela maior mistura de etanol

Em conjunto, os dois países estão estudando formas de melhorar a matriz energética com base no uso de biocombustíveis.

Com a decisão do governo indiano, ainda no final do ano passado, de adiantar o programa de mistura de etanol à gasolina e chegar a 20% até 2025, a Índia tem um plano ambicioso na área das energias renováveis. Para isso, o país busca uma cooperação direta com o Brasil, que passou pelo mesmo processo anos atrás até chegar à atual mistura de 27% de biocombustível ao fóssil.

As políticas de integração entre os dois países, assim como o plano da Índia para ampliar tanto a oferta quanto a demanda de etanol e o impacto na produção de açúcar, foram discutidos no evento Abertura de Safra – Cana, Açúcar e Etanol 2022/23, promovido pela Datagro.

Participaram do painel autoridades como o embaixador indiano no Brasil, Suresh Reddy. Ele afirmou que o plano de direcionar a produção para o biocombustível e aumentar sua mistura à gasolina também inclui outros objetivos, como a criação de empregos e a diminuição do custo energético no país.

Do lado brasileiro, o coordenador-geral de etanol do departamento de biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, Marlon Arraes, corrobora com essa ideia, especialmente no atual contexto de guerra. Com a escalada do preço do petróleo, ele explica que a Índia está garantindo a sua matriz energética por meio de um produto local, o etanol.

Arraes também pontuou que o biocombustível é uma solução para limpar a matriz energética na Índia e no Brasil, uma vez que a eletrificação da frota, amplamente difundida entre os países do hemisfério norte, exigiria um alto poderio econômico. “Nós temos condições de fazer essa descarbonização com uso de combustíveis melhores”, afirma.

Além disso, o coordenador também declarou que já estão sendo feitos estudos para o desenvolvimento da célula de combustível a etanol, que seria fundamental para uma eletrificação baseada no biocombustível, algo viável para os dois países.

Ainda durante o evento, o diretor-geral da Indian Sugar Mills Association (Isma), Abinash Verma, trouxe números atualizados sobre a produção de açúcar no país. A Índia é o segundo maior fabricante do adoçante, atrás apenas do Brasil – e, com o aumento do direcionamento da matéria-prima para o etanol, o adoçante poderá sofrer com baixas no futuro.

Fonte: NovaCana