Indústria de cana e de veículos anunciam campanha de promoção do etanol
O principal desafio do setor sucroenergético, segundo o ministro Joaquim Leite, é avançar na exploração do mercado de carbono
Representantes da indústria de cana-de-açúcar e automobilística anunciaram, ao final da última semana, uma campanha de promoção para o etanol brasileiro. A iniciativa, que conta com o apoio do governo, será lançada oficialmente no próximo dia 27, às vésperas da COP26. O anúncio foi feito durante transmissão via internet promovida pelo jornal Valor Econômico, com participação da ministra da Agricultura, Tereza Cristina; do CEO da Volkswagen, Pablo Di Si; e o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite.
“O advento do carro elétrico é uma realidade e o uso do etanol, nesse momento de transição, é uma forma de reduzir os custos”, declarou Tereza Cristina, no início da videoconferência. “Trata-se de uma opção conveniente para o Brasil e outros países. O presidente da Colômbia
Di Si destacou que a comunicação é a principal preocupação do novo movimento. “Temos uma fórmula de biocombustível que pode ser empregada no mundo inteiro”, afirmou o executivo. Já o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, também presente à ocasião e que deve estar na conferência de Glasgow, na Escócia, garantiu que defenderá o etanol brasileiro nas Nações Unidas. “Estamos prestes a entrar numa negociação climática”, disse o substituto de Ricardo Salles: “Nós temos uma solução para o desafio mundial da economia verde”, afirmou.
Além da cana-de-açúcar, os representantes do agronegócio brasileiro também destacaram o potencial do etanol de milho na produção nacional de combustíveis. “Chegou para ficar”, afirmou a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. “É um setor que alimenta o mundo, oferece energia renovável e que terá todo nosso apoio em Glasgow”, endossou Leite.
Apesar de não corresponder a mais do que 8% da produção total no Brasil, o etanol de milho é uma aposta do setor. “A complementaridade do etanol de milho é excelente para o agro. É um produto fantástico”, observou Cristina. O presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar, Evandro Gussi, lembra que o milho é capaz de produzir, em 20 mil hectares, o que na cana-de-açúcar demanda 100 mil hectares de área plantada.
O principal desafio do setor sucroenergético, segundo o ministro, é avançar na exploração do mercado de carbono. “Temos o interesse de fazer o Brasil um país exportador de crédito verde”, defendeu, em relação aos CBios (Certificados de Descarbonização), lançados em 2019.
“O país vai ter uma postura muito pró-ativa para que se atinja a neutralidade do carbono em nível global. É um desafio gigantesco”, observa Di Si. Os líderes do Movimento Sustentável de Baixo Carbono (MSBC) consideram o etanol de milho o “pré-sal caipira”.
Entre os motivos de otimismo para o mercado de biocombustíveis está o lançamento anunciado, até 2032, de dois motores de combustão de etanol na Europa. “A transição energética é uma oportunidade para o Brasil”, afirma Gussi.
Fonte: Globo Rural