Mulheres lideram setor de pesquisa em cana-de-açúcar
O objetivo é dar ao setor um ganho de produtividade semelhante ao que ocorreu com o milho e a soja no Brasil.
Antes de Adriana, a engenheira de alimentos Silvia, de 55 anos, também havia sido convidada para integrar a equipe do centro de tecnologia e liderar a área de regulação das novas descobertas. Com mais de 15 anos de experiência e mestre em agronegócio pela FGV, ela teve passagens pela Monsanto e Dow, trabalhando com outras culturas agrícolas, como soja, milho e algodão.
“O papel da minha área é elevar essa produtividade da cana para ter um retorno maior da área plantada.” Isso só será possível com o melhoramento genético convencional e variedades geneticamente modificadas. Na avaliação de Adriana, apesar de o setor produtivo ter muita inovação, como a mecanização, a questão da biotecnologia da cana ficou atrasada em relação a outras culturas que são mais globais.
Uma das metas da bióloga é criar variedades que ainda não existem para controle de doenças. Atualmente, o CTC tem seis variedades para o controle de pragas. Em maio deste ano, as duas profissionais conseguiram aprovar uma nova variedade de cana-de-açúcar geneticamente modificada para combater a broca da cana, a mais importante praga que infesta os canaviais do País e causa prejuízos estimados em R$ 5 bilhões por ano.
“Com essa aprovação, o CTC passa a ter um portfólio de variedades transgênicas resistentes à broca que cobre todo o território da cana no País, adaptado às lavouras dos variados climas e solos”, diz Silvia. “Todo produto novo passa por novos ensaios para averiguar se realmente funcionam e se são seguros para serem consumidos.” O trabalho é submetido aos órgãos regulatórios e ambientais e também enviado para países que importam do Brasil.
MULHERES
O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) é uma empresa de biotecnologia e inovação e uma das líderes mundiais em ciência da cana-de-açúcar. Detém um dos maiores bancos de germoplasma (material genético de uma espécie) da cana no mundo, com mais de 4 mil variedades.
Atualmente, tem dois laboratórios: um em Piracicaba (SP) e outro em Saint Louis (EUA). Nos dois locais, os cientistas desenvolvem trabalhos em transgenia e edição genética. O portfólio da companhia reúne variedades de cana de alta produtividade e resistentes a doenças e pragas.
Criado em 1969, o CTC tem entre seus principais sócios a Copersucar, Raízen, São Martinho e o braço de participações do BNDES, o BNDESPar. Em outubro do ano passado, a empresa decidiu olhar novas oportunidades de crescimento e fez um pedido de registro para sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). O objetivo era buscar recursos para investir em projetos de sementes sintéticas, em seleção genômica e em novos negócios.
Em janeiro, no entanto, com a deterioração do mercado, decidiu adiar a operação. Retomou em fevereiro e, no final de abril, interrompeu novamente o processo.
A empresa não desistiu de abrir o capital, mas vai aguardar o melhor momento para retomar o processo. Inicialmente, a ideia era fazer uma oferta primária (dinheiro que entra no caixa da empresa) e uma secundária (dinheiro que vai para os acionistas que vendem seus papéis). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.