Startup produz plástico biodegradável à base de cana-de-açúcar
É um material que, ao contrário de outros plásticos, vira adubo em pouco mais de seis meses
Uma sacola plástica comum demora cerca de 450 anos para se decompor, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente. Mas uma empresa greentech, chamada Earth Renewable Technologies (ERT), criou um bioplástico feito a partir da cana-de-açúcar, que pode se decompor em 180 dias após o uso. Além da produção de sacolas plásticas, o material pode dar origem a garfos, copos, canudos e embalagens em geral.
Feito a partir de uma patente desenvolvida pela Universidade de Clemson, os Estados Unidos. A matéria-prima principal utilizada vem da cana-de-açúcar. É um material que, ao contrário de outros plásticos, vira adubo em pouco mais de seis meses.
A tecnologia usa a fermentação da cana com outros materiais orgânicos, como amido e resíduos agroindustriais. No final da cadeia, vai dar origens a embalagens para diferentes setores da economia, sacos, copos e talheres descartáveis.
Em entrevista do programa Pequenas Empresas, Grandes Negócios, o CEO da startup, Kim Fabri, explicou que a matéria-prima principal é a cana-de-açúcar, mas outros ingredientes — como amido, farinha de madeira e talco — podem ser usados na produção de diferentes tipos de bioplástico. “São formulações que possuem aplicações diversas”, disse.
O amido, por exemplo, é utilizado em sacolas, para impedir que as películas grudem e facilitar sua abertura. A farinha de madeira vai para embalagens de cosméticos secos. Já o talco está passando por testes para ser empregado na fabricação de tampas para cápsulas de café. A tese da greentech é que este bioplástico poderia aguentar altas temperaturas.
De acordo com Gabriela Gugelmin, diretora de estratégia e sustentabilidade da startup, os bioplásticos da ERT viram adubo em 180 dias quando em condições de compostagem, ou seja, expostos a calor, umidade e microorganismos. “Se ele for armazenado em um lugar muito quente e úmido, pode começar a perder a forma. Mas, de maneira geral, pode ser usado por período indeterminado”, afirma.
A startup foi fundada por cientistas da Universidade Clemson na Carolina do Sul (EUA), em 2009. Eles criaram a tecnologia para fabricar o bioplástico, mas não o comercializavam. Fabri adquiriu o negócio em 2018, com o objetivo de transformar o produto em algo que pudesse ser vendido nos EUA. Ele optou por vender o bioplástico para a indústria de transformação.
O primeiro cliente foi uma empresa do setor de cannabis, em 2020. “Um dia, lendo uma revista, vi que o mercado estava crescendo muito e tinha um apelo sustentável”, afirma Fabri. A ERT criou então um bioplástico que usava em sua fórmula a fibra do caule da planta da maconha. Segundo o empreendedor, o produto fez sucesso entre empresas do nicho. “Era um resíduo da indústria deles e que foi incorporado na embalagem, então isso tinha uma atratividade muito bacana já que estas empresas conseguiriam usar a maconha por inteiro”, afirma.