Tereza Cristina critica protecionismo agrícola de países ricos

Para a ministra, barreiras em excesso, além de "irracionais" e "injustificáveis", são "recompensa à ineficiência" e ruins para a sustentabilidade

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, criticou os países ricos pela adoção de medidas protecionistas no setor agropecuário. Segundo ela, essas políticas afetam a concorrência global, aumentam a pobreza e prejudicam comunidades rurais de nações em desenvolvimento. Tereza Cristina afirmou ainda que, em excesso, ações preventivas no comércio internacional, impostas sob a alegação de proteção aos consumidores, são “irracionais” e “injustificáveis”.

“O protecionismo recompensa a ineficiência e é ruim para a sustentabilidade”, disse ela durante a Reunião de Ministros da Agricultura do G20 realizada em Florença, na Itália. A ministra destacou que atualmente os países têm adotado o “precaucionismo” em suas tomadas de decisão. “Os reguladores estão cada vez mais impondo medidas limitantes na tentativa de proteger os consumidores antecipadamente contra todos os tipos de riscos possíveis. Isso não é racional. Os países devem abster-se de implantar barreiras comerciais injustificáveis ​​e se concentrar na remoção permanente das barreiras pendentes”, ressaltou.

Para a ministra, todas as decisões e a regulamentação do agronegócio no mundo devem ser tomadas com base em evidências científicas. “A ciência é a chave para mantermos o comércio fluindo e os mercados previsíveis”, declarou.

Apoio à pesquisa científica

Tereza Cristina defendeu a pesquisa científica como base para o desenvolvimento sustentável da produção agropecuária. Ela afirmou que será necessário aumentar a oferta de recursos para que haja adoção em massa de práticas inovadoras no campo.

“Apenas quando alinharmos tecnologias sustentáveis com investimentos conseguiremos transformar a agricultura em um setor estratégico para uma recuperação verde. Além disso, a ciência é fundamental para mantermos o comércio fluindo e os mercados previsíveis”, afirmou.

Segundo Tereza Cristina, a pesquisa é uma força a favor da sustentabilidade. “Ela cria as ferramentas para que possamos produzir mais, utilizando menos recursos naturais, e traz as evidências científicas que garantem o fluxo adequado de alimentos”, pontuou.

Ela cobrou, porém, a expansão dos recursos disponíveis para incentivar a adoção de práticas inovadoras de produção, como forma de garantir que cada vez mais produtores atuem de forma sustentável. “Essas práticas precisam ter custo-benefício adequado e estar disponíveis a todos, e não apenas a alguns produtores subsidiados em países ricos”, destacou.

A ministra voltou a defender a necessidade de se garantir as três dimensões do modelo de sustentabilidade na cadeia produtiva de alimentos: ambiental, econômica e social.

Fonte – Valor