Biogás e o futuro do setor sucroenergético

Tecnologias de transporte e sistemas de irrigação também devem compor o centro de investimentos do setor

Devido ao aumento na demanda por fontes renováveis, além das metas de descarbonização ao redor do mundo, o biogás se apresenta, atualmente, como uma das principais alternativas para a produção de energia limpa – e tende ser a área com mais investimentos nos próximos anos, assim como as tecnologias de transporte e os sistemas de irrigação. Segundo a Abiogás (Associação Brasileira de Biogás e Biometano), o Brasil tem, hoje, um potencial de 80 bilhões de metros cúbicos de biometano, volume que seria capaz de atender cerca de 24% de toda a demanda de energia elétrica do país.

Presidente da SIFAEG (Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás), André Rocha destaca que o recurso se mostra o mais eficiente em relação à necessidade de redução dos índices de emissão de carbono. “Investir em sustentabilidade não é barato, porém, colheremos os frutos no futuro. O biogás ampliará a capacidade produtiva das usinas, além de colaborar com o fortalecimento dessa cadeia sustentável. Resíduos como vinhaça, palha de cana, bagaços e torta de filtro podem e devem servir como matérias-primas para a produção de biogás, contribuindo com a geração própria de energia”, explica.

Para Mário Ferreira, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, o Brasil enfrenta, hoje, um momento de diversificação, principalmente no que se refere à produção de energia. “O biogás tem um futuro importante no setor, pois é o responsável por transformar os resíduos em ativo energético e econômico. Certamente, ele será uma das formas para retomarmos a nossa capacidade de produção de etanol, afinal, passamos por um ano difícil, com secas severas, geadas e incêndios”, salienta.

Irrigação e capacidade produtiva

Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), a temperatura média do planeta deve alcançar 1,5 grau de aquecimento nos próximos 20 anos. Diante dessa realidade, resta saber como o agronegócio e o setor sucroenergético se comportará até lá, passando por todas as mudanças climáticas e enfrentando outros desafios naturais. A irrigação, seja ela de salvamento ou plena, mostra-se como forte aliada para contornar a situação, sendo um grande drive que atrai cada vez mais investidores.

“Temos visto, nos dois últimos anos, que o clima seco e as demais intemperes penalizaram e trouxeram muitos danos às empresas. Seria interessante termos mais linhas de crédito visando investimentos nessa área. Se, com o passar dos anos, conseguirmos usar cada vez menos fertilizantes e dar mais longevidade para a cana, nossa capacidade produtiva aumentará. O cenário ideal seria produzirmos mais, sem necessariamente aumentar a área plantada”, ressalta André Rocha.

Transporte e logística

Como todos os anos, visando maior capacidade produtiva, empresas do mundo todo investem em transporte e logística. Recentemente, o transporte de cana ganhou um novo aliado que promete otimizar o cenário do setor sucroenergético. Os super-rodotrens, composições rodoviárias de 11 eixos e de 74 a 91 toneladas, foram liberados pela Resolução 872 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito).

“Com o empenho e apoio de todo o setor, foi aprovado o mais novo equipamento para transporte de cana. Com ele, podemos esperar muito investimento na área rodoviária, e operaremos de forma mais eficiente. O Contran possibilitou, desde o dia primeiro outubro, o uso dos super-rodotrens exclusivamente para o transporte de cana. Sem dúvidas, foi uma vitória para o setor sucroenergético”, conclui Mário Ferreira.

Fábio Palaveri/Visão Agro