Censo dos canaviais: A hegemonia de variedades antigas está com os dias contados

A popular RB867515 reduziu sua participação para 15% na média do Centro Sul; além disso, a relação plantio-cultivo e o estágio médio de corte melhoraram

O êxito no setor sucroenergético se manifesta, em grande parte, no campo. Ao mesmo tempo, a maior parte dos custos de produção são com plantio. Cabe aos produtores equilibrarem seus gastos nos canaviais com o caixa disponível para terem a melhor produtividade possível aliando estes dois fatores, operacional e financeiro.

Desde 2016, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), da secretaria de agricultura e abastecimento do estado de São Paulo, realiza o Censo Varietal para mensurar a idade dos canaviais do Centro-Sul brasileiro e analisar como os produtores têm renovado – ou não – as suas áreas.

Ainda que haja dificuldade para o aumento de uso de novas variedades e redução da concentração, os dados médios são animadores. “O caixa [das usinas] está elevado e isso tem tudo a ver com o plantio, que é uma das etapas mais caras do processo de produção”, detalha o consultor do IAC, Rubens Braga Junior.

Ele reforça a ideia de que é preciso renovar para ter mais produtividade, mas pondera que o produtor tem que analisar o custo em relação ao retorno. “De todo modo, é preciso plantar. Em determinado momento, o produtor terá uma produtividade muito baixa e não compensaria nem manter”, afirma.

Conforme o estudo mais recente, o cultivar que ocupa a maior parcela de cana-de-açúcar no Centro-Sul, a RB867515 – que tem 36 anos de cruzamento, não é adaptada à mecanização e tem pouco perfilhamento –, perdeu participação na área cultivada, indo de 17% para 15% entre os ciclos 2021/22 e 2022/23. Em 2020/21, ela ocupava 18%em 2019/20, 21%; e, em 2018/19, 23%.

Além disso, a relação entre plantio e cultivo aumentou no período e o estágio médio de corte reduziu, ambos os fatos considerados benéficos pelo instituto. O índice de atualização varietal, no entanto, ficou estagnado.

A pesquisa foi realizada em 222 unidades, abrangendo 6 milhões de hectares. Os dados de censo varietal e áreas cultivadas são coletados usualmente em maio, já as informações de intenção de plantio, em setembro. Por fim, em novembro, o levantamento de dados é encerrado. Além disso, o IAC também premia as empresas com os melhores índices de qualidade.

Fonte – NovaCana