EUA ainda faz queima de seus canaviais

No Brasil, os produtores de cana-de-açúcar contam com colheitadeiras que dispensam a prática da queima

Processo já considerado ultrapassado no Brasil, a queima na colheita da cana-de-açúcar ainda é realizada nos Estados Unidos e vem provocando danos no meio ambiente. Pelo menos é isso que buscam mostrar repórteres do jornal “The Palm Beach Post” e da agência americana ProPublica que investigaram o impacto da queima da cana-de-açúcar na Flórida (EUA).

O problema ocorre porque a prática de colheita ajuda na produção de mais da metade de açúcar de cana da América, mas ela envia fumaça e cinzas em direção às comunidades de baixa renda e de maioria afro-americana e latina no coração do estado. Para buscar alternativas, os norte-americanos vieram ao Brasil entender como a colheita é realizada aqui.

No Brasil, os produtores de cana-de-açúcar contam com colheitadeiras que dispensam a prática da queima e as palhas que antes viravam fumaça, agora hoje formam um colchão de proteção nos campos, enriquecendo o solo. Além disso, é claro, boa parte da palha é usada em energia renovável. “Hoje eu não tenho a menor dúvida que ninguém quer voltar no passado e que ninguém quer voltar a queimar a palha”, disse Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA).

Nos EUA, um grupo ligado ao setor argumenta que a palha derivada da colheita de cana crua, sem queima, apodreceria os solos ricos em nutrientes da Flórida e atrairia pragas. Os agrônomos brasileiros reconheceram que o solo da Flórida difere do solo do Brasil e m alguns aspectos chave, mas nos disseram que os desafios criados pelas sobras de palha podem ser gerenciados de forma eficaz.

Se o problema for a palha, aí retira e faz a cogeração. Ele ganha duas vezes,” disse Arnaldo Bortoletto, presidente da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana). Judy Sanchez, uma vice-presidente da U.S. Sugar, contou anteriormente ao The Palm Beach Post e à ProPublica que qualquer mudança nas práticas de colheita na Flórida teriam “impactos econômicos significativos”. Quando solicitada a dar detalhes, porém, a empresa não respondeu.