Geadas atingiram 20% da área de cana do Centro-Sul do Brasil

Safra 2021/22 de cana-de-açúcar na região já tem sido fortemente impactada nos últimos meses com seca e produtividade deve cair entre 10% a 15%, mas revisões podem ocorrer com frio recente

A safra 2021/22, mais uma vez, é colocada à prova na questão climática. Depois de seca persistente e frio intenso no início do mês, novos possíveis danos com geadas foram registrados na madrugada desta terça-feira (20). Cerca de 20% das áreas de cana foram atingidas pela condição, segundo estimativa S&P Global Platts Analytics.

“Essa é uma safra que já sofreu bastante devido ao impacto da seca e já está apresentando uma queda de 10% a 15% na produtividade agrícola até o final de junho. As avaliações dos danos ainda estão em andamento e a verdadeira extensão desse impacto será conhecida nas próximas duas semanas”, afirma Beatriz Pupo, analista sênior de biocombustíveis da S&P.

Em outros anos de geadas, como em 2017, a colheita da safra de cana precisou ser antecipada.

A S&P Global Platts Analytics reduziu neste início de julho sua estimativa para a safra 2021/22 de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil para 547 milhões de toneladas, sobre 557 milhões de t estimadas anteriormente e 606 milhões de t do ciclo produtivo anterior. “Esse seria o menor volume de cana dos últimos nove anos”, pontua Beatriz.

Geada castigou canaviais

A produção de açúcar deve ter uma redução de 11% entre as safras, totalizando 34,2 milhões de t. O etanol tem a produção apontada em pouco menos de 25 bilhões de litros neste ano, o nível mais baixo de produção desde 2012. O mix de açúcar é apontado em cerca 46%, praticamente inalterado ante a estimativa anterior da fornecedora de dados de commodities.

Novas atualizações não estão descartadas. “Esses impactos [das geadas] ainda estão sendo avaliados, mas trazem o potencial de uma nova redução”, considera Beatriz.

Apesar do cenário complicado que vem sendo traçado na nova temporada, os preços de açúcar e etanol têm quebrado recordes. “Nas nossas previsões, a gente vê os preços mais firmes a partir do início do terceiro trimestre quando comparados às temporadas anteriores e novos níveis recordes de preços podem ser alcançados”, diz Beatriz.

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