Híbrido Etanol: Painel 1 aborda desafios da academia ao mercado

Debate abriu o encontro sediado nesta quarta-feira em Araraquara

Araraquara sediou nesta quarta-feira (6) o evento “Híbrido Etanol: O Motor do Futuro – Uma agenda de desenvolvimento, emprego e sustentabilidade”, que teve o objetivo de promover debates em torno de uma nova tecnologia de energia limpa para automóveis. O encontro foi transmitido ao vivo pelo site motordofuturo.com.br e também pelas redes sociais da Prefeitura de Araraquara. O vídeo do evento na íntegra está disponível no canal da Prefeitura no Youtube.

A atividade foi dividida em três painéis. O Painel 1 apresentou a proposta “Carro híbrido a etanol (desafios e oportunidades da academia ao mercado): Quais os desafios para a indústria automobilística na transposição de tecnologia?”, enquanto o Painel 2 contou com o tema “Carro híbrido: Um conceito sustentável – Carro elétrico é mesmo sustentável?” e o Painel 3 levantou o assunto “O novo ciclo do etanol: Qual o caminho para o etanol se consolidar como principal fonte sustentável de energia para o futuro?”.

A mediação do Painel 1 foi de Wagner Firmino de Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que acredita que o Brasil tem potencial para desenvolver seu próprio sistema de utilização de combustível limpo. “Precisamos correr atrás dessa oportunidade que nós temos e que o Brasil tem, que é uma oportunidade única. Tendo em mãos uma tecnologia que já conhece, que é a do etanol, tendo em mãos a tecnologia e a inovação do carro flex, o Brasil tem uma chance de criar suas próprias condições, criar o seu próprio mercado e incentivar a sua pesquisa própria. Assim, teremos a oportunidade de, ao invés de sermos compradores de tecnologia e de produtos prontos, criarmos a nossa e a partir dela sermos inclusive exportadores dessa tecnologia. É isso que está em jogo hoje e sabemos que o jogo é pesado. A competição internacional em relação à questão das mudanças energéticas hoje requer o que estamos fazendo aqui, uma unidade entre trabalho com academia, com a gestão pública, preocupados com emprego e com os rumos da indústria desse país”, esclareceu.

Um dos convidados foi Pablo Di Si, presidente e CEO da Volkswagen Região SAM (América do Sul, América Central e Caribe), que se encontra na Alemanha, por isso participou de forma remota do evento. Ele apresentou dados e estatísticas sobre a transformação dos combustíveis no Brasil desde a década de 1970 até os dias de hoje e salientou a necessidade de uma união de esforços para que o país possa desenvolver um sistema sustentável de energia limpa. “A mensagem é clara. Precisamos criar políticas públicas alinhadas desde o início do ciclo de vida, desde a usina de agronegócio até a montadora. Precisamos criar tecnologias que nos permitam levar o etanol para o mundo e assim nos adaptarmos ao mundo e não o mundo se adaptar a nós, e construir tudo isso com sindicatos, governos, universidades e com as indústrias para levarmos o nosso país para frente”, apontou.

A fala foi reforçada pelo Dr. Alessandro Pansanato Rizzato, diretor do IPT Open Experience no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), que também compôs o painel. Ele exibiu uma apresentação onde continha cada fase da produção do combustível, desde sua extração até o automóvel, e reforçou a necessidade de um direcionamento uniforme. “Mesmo que você olhe para um único elo da cadeia, podemos cometer um grave erro se não olharmos toda ela. Isso nos remete a unir esforços para não pulverizarmos as iniciativas e para nos mantermos na liderança consolidada e com um olhar comum. Em uma cadeia como essa, são tantos atores envolvidos que não dá para pensar sozinho. Não é possível um ecossistema somente acadêmico querer tocar uma frente como essa. Devemos unir esses atores todos em prol de um desenvolvimento comum”, explicou. “Estamos falando de um motor híbrido que tem a melhor eficiência energética, o menor consumo e a menor emissão de gases do efeito estufa. Ele é bom dos dois lados”, acrescentou o pesquisador.

O debate contou também com a participação do Dr. Fabio Coral Fonseca, tecnologista sênior do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares-IPEN e gerente do Centro de Células a Combustível e Hidrogênio (CECCO). Para ele, o investimento em pesquisas nessa área deve ser contínuo para os frutos serem colhidos no futuro. “Eu tenho certeza de que o Brasil tem todos os ingredientes na academia, na indústria, na força de trabalho e no poder público capazes de se unir por essa tentativa. E mesmo que não tenhamos 100% do nosso objetivo realizado, eu tenho certeza de que isso vai produzir uma cadeia de conhecimento, uma cadeia de recursos humanos formados, que depois se traduzirá na nossa capacidade, por exemplo, de produzir uma vacina tão rapidamente. Não é à toa que sacamos uma vacina do nosso bolso, pois temos o Butantan, que como o IPT [Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo] é uma instituição centenária. Teve investimento de conhecimento, contínuo, e é isso que temos que aprender a fazer aqui no Brasil em suas várias dimensões. Tivemos sucesso com a vacina e podemos ter sucesso com o etanol no futuro”, avaliou.

Outros painéis

O Dr. Rodrigo Fernando Costa Marques (do Instituto de Química da UNESP/Araraquara) foi o responsável pela mediação do Painel 2, que contou com os palestrantes: Rafael Chang (presidente da Toyota do Brasil), Dr. Pedro Teixeira Lacava (professor associado do Instituto Tecnológico de Aeronáutica-ITA e um dos coordenadores do Laboratório de Combustão, Propulsão e Energia-LCPE) e Wellington Messias Damasceno (diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC – SMABC). Já o Painel 3 teve a mediação de Erick Pereira da Silva (presidente da FEM-CUT/SP) e os convidados foram Antonio de Pádua Rodrigues (diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar-UNICA), a Dra. Laís Forti Thomaz (professora da Universidade Federal de Goiás-UFG, Faculdade de Ciências Sociais) e Edinho Silva (prefeito de Araraquara, graduado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista-UNESP de Araraquara e mestre em Engenharia de Produção na Universidade Federal de São Carlos-UFSCar).

O CEAR sediou o evento

O evento

O tema do evento foi norteado pelo momento vivido pela indústria automobilística global, que passa por uma de suas maiores reinvenções e caminha para um futuro dominado pelo carro elétrico. O debate gira em torno do desenvolvimento de veículos híbridos elétricos com propulsor a combustão flex ou movido exclusivamente a etanol. Há ainda uma nova ideia que envolve um sistema que transforma o etanol em hidrogênio para alimentar a bateria elétrica. Assim, esses veículos não teriam a necessidade de serem carregados na tomada e teriam a vantagem de ter uma pegada de carbono menor do que a dos veículos somente elétricos, desde a fabricação até o descarte, assim como híbrido a etanol, o que seria de extrema relevância, visto que a preocupação com o meio ambiente é uma das prioridades exigidas nos dias de hoje pelo mercado.

O ciclo de debates contou com a participação de pesquisadores, universidades, representantes das entidades dos trabalhadores, direção da Volkswagen e da Toyota, além de representantes da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) e outras instituições. A organização do encontro foi da Prefeitura de Araraquara e a realização, além da própria Prefeitura, contou também com o CEAR, a Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da CUT-SP (FEM-CUT/SP) e o Instituto de Química da Unesp Araraquara (CEMPEQC). O evento teve o apoio da EPTV, Cidade On Araraquara, G1, CBN Araraquara, Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Consórcio de Municípios da Região Central do Estado de São Paulo, Volkswagen, Toyota, UNICA e Posto Fiel.