PEC dos Combustíveis não deve afetar setor canavieiro

O governo federal tenta reduzir o escopo do projeto mantendo apenas o diesel

Se a redução dos tributos incidirem apenas sobre o diesel, a PEC dos Combustíveis não deverá trazer impactos negativos para o segmento canavieiro. Muito pelo contrário, de acordo com o economista e gerente de Projetos do Pecege, Haroldo Torres, se a PEC considerar apenas redução de ICMS sobre o diesel, o setor poderá se beneficiar.

O governo federal tenta reduzir o escopo do projeto mantendo apenas o diesel, o que diminuiria a previsão de renúncia fiscal federal para R$ 20 bilhões. O argumento da escolha do diesel é de que a redução do seu preço pode ter um impacto maior do que a gasolina sobre a inflação ao consumidor, uma vez que o combustível é usado para abastecer o transporte público e de mercadorias.

Segundo o economista do Pecege, quando o Banco Central faz ajuste na taxa de juros para combater inflação, espera que o Governo ajude do outro lado, do ponto de vista fiscal. “A âncora fiscal seria destruída se tivesse desoneração de todos os combustíveis. Do lado do segmento sucroenergético, se a proposta considerasse reduzir os impostos também sobre a gasolina, o etanol hidratado perderia competitividade, o que elevaria a produção do anidro, como há estamos vendo e, consequentemente, do açúcar”, explica.

No entanto, se a PEC impactar apenas o diesel, o efeito será marginal para o segmento sucroenergético. “Se isso acontecer, aliás, o setor acaba se beneficiando, porque implicará consequentemente na redução do custo das operações mecanizadas e do outro lado, se não implicar redução sobre a gasolina, consequentemente também perdemos menos competitividade do etanol hidratado”, afirma Torres.

Cenário de inflação é global

A inflação não é uma realidade somente no Brasil e sim um cenário global. De acordo com o economista, prova disso é que os EUA, em 2021, encerraram o ano com uma inflação de 7%, a maior alta dos últimos 40 anos.

O aumento dos preços ocorre em função da pandemia da Covid-19, que desestruturou todas as cadeias de suprimentos. “Tivemos um cenário de desorganização do segmento logístico, que contribuiu para o aumento da inflação. Tivemos de outro lado, avanços das commodities nos mercados globais, ou seja, as commodities impactando também o preço dos alimentos”, explica.

No mercado doméstico (Brasil), o cenário de energia foi bastante forte. Ou seja, a crise hídrica levou a necessidade de reajuste da bandeira tarifária. “Além disso, os preços das commodities como o próprio petróleo, conciliado com taxa de câmbio desvalorizado, implicaram também no aumento dos preços da gasolina e do diesel. Tudo isso elevou o cenário de inflação do Brasil”, explica o economista do Pecege.