Vai faltar adubo no Brasil com bloqueio da China

A China, grande exportadora global de fosfato e outros insumos, decidiu “bloquear” as exportações e o Brasil pode ficar sem adubo para safra!

Algumas das maiores empresas de fertilizantes da China afirmaram que vão suspender exportações temporariamente para garantir ofertas no mercado doméstico, disse o órgão estatal de planejamento do país nesta sexta-feira, após os preços dos insumos em um dos maiores produtores de grãos do mundo atingirem níveis recordes.

A China é uma grande exportadora global de fosfato, tendo embarcado 3,2 milhões de toneladas de fosfato de diamônio para compradores como Índia e Paquistão no primeiro semestre deste ano, além de 2,4 milhões de toneladas de ureia, segundo dados alfandegários.

A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC, na sigla em inglês) disse em comunicado que convocou empresas de fertilizantes para uma discussão contra o entesouramento e a especulação. O órgão não identificou as companhias envolvidas.

Analistas, porém, disseram esperar que estatais como Sinofert Holdings, Sinoagri Group, China National Offshore Oil Corp (CNOOC) e China National Coal Group estejam entre as empresas que irão restringir exportações.
Nenhuma das companhias respondeu de imediato a pedidos por comentários sobre o assunto.

O movimento é o mais recente conduzido por Pequim para combater o aumento dos preços de
importantes matérias-primas. O mercado brasileiro de fertilizantes fechou 2020 em alta após observar um crescimento de 6% na demanda agrícola. De acordo com o levantamento feito pela Mosaic Fertilizantes, o
crescimento médio do setor no Brasil fica entre 2% e 3% ao ano, demonstrando o aumento exponencial da demanda nos últimos meses.

Caso o salto do mercado continue em 2021, é possível que as vendas no País ultrapassem a marca de 40 milhões de toneladas pela primeira vez na história. Em meio a esse cenário, o destaque também fica para os macro e micronutrientes, que tiveram algumas variações de preço por conta da pandemia do coronavírus.

Preço dos macro e micronutrientes
A utilização de macro e micronutrientes na composição de fertilizantes é uma técnica muito adotada pelos agricultores para elevar a produtividade e reduzir os custos das plantações.
O NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), por exemplo, é aplicado no solo para prover nutrientes essenciais às plantas e acelerar o crescimento saudável.

Entretanto, o comércio desses produtos vem enfrentando alguns problemas desde 2019, quando China e Estados Unidos declararam uma guerra comercial e limitaram as vendas brasileiras. Já em 2020, a chegada da pandemia de covid-19 gerou uma desaceleração no consumo de hortaliças no primeiro semestre, ocasionando aumento de estoque, queda nos preços, cortes e redução dos investimentos em fertilizantes.

Atualmente, o panorama dentro do mercado brasileiro é o seguinte:
Ureia: o baixo volume produzido pela China fez os preços ficarem acima da média no mercado global e ocorrer queda nas exportações.
Amônia: a oferta limitada tem sustentado os preços do produto nos últimos meses.
Fosfatados: expectativa de demanda fortalecida nas principais praças no começo de 2021.
Potássio: altos estoques têm criado trajetória de desaceleração dos preços no mercado
brasileiro.